MONTILLAREZ, Maria. 2. ed. Arrebol.
Brasília: ICEIB/DF, 2014.
Resenhado por: Diane Meire Barbosa
Rodrigues
Maria
Montillarez é professora de formação, mas emprega muito de seu tempo como
revisora de textos, Primeira-Secretária do ICEIB/DF, Primeira-Secretária e
membro da Academia Samambaiense de Letras, autora de oito romances.
No livro Arrebol, composto de trinta e
quatro textos
mistos, entre contos, crônicas, poesias e homenagens,
distribuídos em 154 páginas, Maria Montillarez constrói uma literatura bastante
diferente daquela a que estamos habituados a vê-la produzir. Em Arrebol pode-se
encontrar doentes mentais, como a personagem Santina, que dá nome
ao conto, e Gilberto, do conto Ao século o que é do século.
Com a sutileza de quem há muito vem
dominando a técnica do romance, Maria Montillarez desenvolveu a crônica
cujo título é Revertido, e não mero acaso, também nomeia um
personagem do texto, mas principalmente dá nome ao livro.
Destaco essa crônica, porque ela me fez
refletir os maus dias de nosso país, passado e presente. Enquanto se lê essa
crônica, as reações são: de curiosidade; esperteza (pensa-se logo haver
decifrado o enigma do estranho homem aprisionado); frustração, pois não era o
que parecia; comoção pela situação do prisioneiro; horror pelo que de fato é,
não apenas pelo Revertido, mas pelo que todo ser humano, se
condicionado, é capaz de ser.
A linguagem que a autora se utiliza
segue linha idêntica à de seus romances: Maria Montillarez é adepta a um
“normativo coloquialismo”, se é que se pode definir assim. Ela tem uma maneira
normatizada de inserir a linguagem coloquial com o propósito de valorizar,
destacar as variações linguísticas. Tal forma dá graça e genuinidade aos seus
escritos. Não obstante a isso, seus textos são claros, porém, nunca se espere
dessa escritora o estilo linear. Ela não quer ser “acusada” disso. Nos demais
textos pode-se rir, chorar e até se identificar (identificar um conhecido
seu!), mas sobretudo, refletir. Nas crônicas, as verdades da vida cortando a carne;
nos contos, as tragédias ficcionais. Arrebol não é um livro para quem se
encabula fácil. É um livro para quem aprecia escalar montanhas, abrir picadas.
Esse é seu público alvo. Quem não sobrevive a uma trilha de obstáculos, só lerá
o primeiro conto, pois Arrebol é um convite aos aventureiros e tem os mistérios
que os aventureiros apreciam decifrar.
O que encerra o conjunto desses textos
são as homenagens (homenagens?) Verdade, Maria Montillarez é aquele tipo de
mulher que venera a gratidão, e, por isso, homenageia nas últimas páginas de
Arrebol, algumas de suas grandes amigas, colaboradoras em sua vida e na
literatura; homenageia a escritora Lígia Fagundes Telles, por quem tem grande
apreço, mas... também homenageia as “baratas”! Hasteando a bandeira preta do
luto, ela fala de Clarinha, a Clara Luz, e assim, Maria Montillarez se insere
na vida de todas as vidas, uma mulher com um dom especial, o de escrever
magnificamente, embora padeça, como qualquer mortal, dos males da vida, mesmo
sendo a imortal da academia de letras.
Livro disponível em: http://www.iceib.com.br/2014/05/lancamento-do-livro-arrebol-de-maria_14.html
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